terça-feira, 5 de junho de 2012

CACHAÇA PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL



CACHAÇA PODERÁ SE TORNAR PATRIMÔNIO HISTÓRICO NO RIO DE JANEIRO
A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) votará hoje (05/06), em primeira discussão, o projeto de lei 417/11, que considera a cachaça Patrimônio Histórico Cultural do Estado do Rio de Janeiro. A proposta é assinada pelo deputado Luiz Martins (PDT), que defende a importância cultural do destilado de cana. “Estudiosos e a sociedade, em geral, têm de compreender os aspectos que envolvem a cachaça, interpretando e lançando um novo olhar acerca da história da mesma. A partir dessa releitura, uma nova forma de observar valores culturais que fazem parte da nossa identidade nos levará a uma nova concepção do que é a cachaça”, afirma. (Ascom - ALERJ)

JUSTIFICATIVA DO PROJETO DE LEI

A cachaça é um destilado alcoólico produzido exclusivamente através da cana-de-açúcar, bebida genuinamente brasileira que durante toda sua vida foi discriminada, perseguida e até proibida pelas elites e pela classe média.

Esta saga tem início juntamente com a História do Brasil, surgindo como consequência do interesse no açúcar produzido no país. Além dessa relação a cachaça foi agente de vários acontecimentos, desde momentos tristes às celebrações por conquistas.

Muitas vezes, a produção da cachaça foi estimulada, em outras proibida, mas sempre esteve presente na construção de nosso país, afirmando o seu sabor e a sua autenticidade.

Expressão cultural brasileira

A cachaça foi descoberta por acaso, pois os escravos perceberam que a espuma que sobrava da garapa e era jogada nas cocheiras deixava os animais revigorados. Assim, passaram a consumir essa espuma.

Chegando aos ouvidos dos senhores de engenho – que, por sua vez, já conheciam técnicas de destilação -, estes decidiram aplicá-las ao mosto fermentado da cana-de-açúcar, dando origem à cachaça.

Dessa forma a bebida passou a figurar tanto na colônia, como também nas futuras conquistas, nos negócios do reino e em épocas mais contemporâneas.

Antes de ser um produto econômico, é uma das mais belas expressões da cultura brasileira.

A prova da vitalidade e permanência cultural da cachaça está no patrimônio lingüístico que criou e continua a criar. Para se ter uma ideia, existe um acervo disponível de cerca de mil sinônimos da palavra cachaça.

A degustação com certeza é uma arte, pois constitui a mais poderosa ferramenta, o caminho mais legítimo e confiável para se conhecer a cachaça e construir sabedoria crítica sobre a bebida. Degustar e beber são atos culturais distintos.

Os passos de uma boa degustação são: o ambiente, o copo, a mente, o corpo, a boca, as mãos, os olhos, o nariz, o gole, o gosto e a avaliação.

Cultura e turismo andando juntos

De acordo com o Ministério do Turismo a diversidade da cultura brasileira tem sido aclamada pela sociedade como uma das principais características do patrimônio do país e o turismo pode ser um dos indutores na promoção e preservação da nossa cultura.







Nesse caso, a cultura e o turismo caminham juntos e, bem articulados, podem motivar os turistas a se deslocarem especialmente com a finalidade de vivenciar aspectos e situações que podem ser considerados particulares.

O turismo cultural compreende as atividades turísticas relacionadas às vivências do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico cultural, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.

Considera-se patrimônio histórico e cultural os bens de natureza tangível e intangível que revelam ou expressam a memória e a identidade das populações e comunidades.

Valorizar e promover o patrimônio significa difundir o conhecimento sobre esses bens e facilitar seu acesso e utilização por habitantes locais e turistas.

Releitura da História

Para que exista uma conscientização maior por parte da população é necessário que se compreenda o valor histórico da cachaça, vendo-a como um símbolo de nacionalidade e da nossa identidade cultural.

Por isso, deve ser valorizada de acordo com a sua importância para a formação e o desenvolvimento do Brasil pois, mesmo com as diferenças sociais existentes, a cachaça funciona como elo cultural relacionado ao imaginário popular, fazendo de sua produção uma arte.

Estudiosos e a sociedade, em geral, têm de compreender os aspectos que envolvem a cachaça, interpretando e lançando um novo olhar acerca da história da mesma.

A partir dessa releitura, uma nova forma de observar valores culturais que fazem parte da nossa identidade nos levará a uma nova concepção do que é a cachaça.

Essa interpretação possibilita ainda o interesse tanto da população local como também do turista pelo patrimônio cultural, resgatando e incentivando a preservação dos costumes e da cultura regional.

O brasileiro é o único nacional que não assume sua bebida, o seu destilado. Ele se envergonha da cachaça, uma obra-de-arte criada pelos colonizadores portugueses e pelos mestiços, índios e negros, chamados de brasileiros, no início do século XVI. Ao contrário, o cubano ama o seu rum e dele se orgulha, o mexicano da sua tequila, o peruano do seu pisco, o português da sua bagaceira, o francês do seu conhaque, o escocês do seu uísque, o polonês de sua vodca, o inglês do seu gim, o árabe do seu áraque, o coreano do seu soju e o chinês do seu saquê.

Em alguns estados de nosso país, essa idéia está sendo mudada, buscando a certificação da cachaça como bebida originalmente produzida no Brasil. Desta forma, leis estão sendo promulgadas como no estado de Minas, Rio Grande do Sul, Paraíba e no município de Paraty em nosso estado, com suas características seiscentista, a famosa “Cachaça de Paraty”.

A cachaça de Paraty originou-se em 1808, com a vinda da família real no Brasil, que impulsionou o comércio entre Paraty e o Rio de Janeiro, considerando que a abertura dos portos decretada por D. João VI, foi determinante para o incremento da exportação de cachaça. Em 1820, conforme relato de José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo, havia em Paraty 12 engenhos de açúcar e mais de 150 alambiques, com uma população aproximada de 16.000 habitantes.

Desta forma, por possuirmos uma historia em nosso estado de produção da cachaça, creio que o Rio de Janeiro deva ser um dos estados pioneiros a abraçar a ideia, de transformar a cachaça como patrimônio cultural histórico nacional e ser reconhecida mundialmente como a bebida de origem brasileira.

(Texto extraído do projeto de lei 417/2011 - Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro)

Um comentário:

  1. Gostei muito do blog, sendo esta uma forma eficiente de divulgar nossa cachaça. Parabens!!
    Vamos torcer para a ALERJ aprovar o projeto de lei 417/11.

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